segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Cantinho da prosa

É nesse cantinho que tem proseado com sua prima Leona!

Decisão

Filha,
Te levamos ontem para dormir na casa da Vó Diva.
Aprontei sua mala, roupa de frio, de calor, de sair e de ficar em casa.
Você ficaria 2 dias, pois tenho muito trabalho a fazer e ficaria mais tranquila se soubesse que estaria se divertindo por lá.
Mas, nem tudo podemos decidir por você.
Ontem não quiz ficar por lá. Queria brincar muito com sua avó e voltar muito para a sua casa.
Algumas decisões são sua e temos que respeitar.
Com amor,
Sua mãe.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A história do dia em que você nasceu

Amor,
Para explicar como seu irmão vai chegar em nossas vidas tenho te contado a história do dia em que nasceu.
Você que é sensível e muito esperta já entendeu.
Claro, temos a sorte de ter um relato fotográfico registrado carinhosamente pela nossa amiga Naiá, que facilita muito o entendimento de como tudo aconteceu e como se repetirá.
Outro dia comentei com o seu pai que estava com uma dor na lombar e você perguntou se o seu irmão iria nascer, respondi que ainda não.
Estamos aprontando a casa e os nossos espíritos para receber o pequeno Tito, e preparando você para desfrutar com muita alegria este precioso momento.
A história do dia em que você nasceu é a mais bonita história que eu já vivi!
Muito obrigada minha filha.
Agora vamos juntas viver outra.
Com amor,
Sua mãe.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Flores cor de rosa

Maria,
Hoje caminhando admirei estas flores cor de rosa que saltavam no jardim.
Me lembrei de você.
Se estivesse comigo diria: - Ai que linda mamãe!!!
E falaria com um jeitinho de Maria que tenho vontade de morder.
Com carinho,
Sua mãe.

domingo, 21 de agosto de 2011

para lembrar

É domingo, inverno, seu pai foi trabalhar, são onze da manhã.
Acordamos cedo mas muita preguiça me domina.
Do sofá não saimos. Você sentada em meu meio colo e o Tito mexendo pra lá e pra cá.
Está cinza e frio.
E nós grudadas pra esquentar e alma o coração.

A torcida da sua vida

Mesmo antes de nascer, já tinha alguém torcendo por você.
Tinha gente que torcia para você ser menino. Outros torciam para você ser menina.
Torciam para você puxar a beleza da mãe, o bom humor do pai.
Estavam torcendo para você nascer perfeito. Daí continuaram torcendo.
Torceram pelo seu primeiro sorriso, pela primeira palavra , pelo primeiro passo.
O seu primeiro dia de escola foi a maior torcida. E o primeiro gol, então?
E de tanto torcerem por você, você aprendeu a torcer. Começou a torcer para ganhar muitos presentes e flagrar Papai Noel. Torcia o nariz para o quiabo e a escarola. Mas torcia por hambúrguer e refrigerante. Começou a torcer até para um time. Provavelmente, nesse dia, você descobriu que tem gente que torce diferente de você.
Seus pais torciam para você comer de boca fechada, tomar banho, escovar os dentes, estudar inglês e piano.
Eles só estavam torcendo para você ser uma pessoa bacana. Seus amigos torciam para você usar brinco, cabular aula, falar palavrão. Eles também estavam torcendo para você ser bacana.
Nessas horas, você só torcia para não ter nascido. E por não saber pelo que você torcia, torcia torcido.
Torceu para seus irmãos se ferrarem, torceu para o mundo explodir.
E quando os hormônios começaram a torcer, torceu pelo primeiro beijo, pelo primeiro amasso.
Depois começou a torcer pela sua liberdade.
Torcia para viajar com a turma, ficar até tarde na rua.
Sua mãe só torcia para você chegar vivo em casa.
Passou a torcer o nariz para as roupas da sua irmã, para as idéias dos professores e para qualquer opinião dos seus pais. Todo mundo queria era torcer o seu pescoço. Foi quando até você começou a torcer pelo seu futuro. Torceu para ser médico, músico, advogado. Na dúvida, torceu para ser físico nuclear ou jogador de futebol. Seus pais torciam para passar logo essa fase.
No dia do vestibular, uma grande torcida se formou. Pais, avós, vizinhos, namoradas e todos os santos torceram por você.
Na faculdade, então, era torcida pra todo lado. Para a direita, esquerda, contra a corrupção, a fome na Albânia e o preço da coxinha na cantina.
E, de torcida em torcida, um dia teve um torcicolo de tanto olhar para ela. Primeiro, torceu para ela não ter outro. Torceu para ela não te achar muito baixo, muito alto, muito gordo, muito magro. Descobriu que ela torcia igual a você. E de repente vocês estavam torcendo para não acordar desse sonho. Torceram para ganhar a geladeira, o microondas e a grana para a viagem de lua-de-mel.
E daí pra frente você entendeu que a vida é uma grande torcida.
Porque, mesmo antes do seu filho nascer, já tinha muita gente torcendo por ele.
Mesmo com toda essa torcida, pode ser que você ainda não tenha conquistado algumas coisas.
Mas muita gente ainda torce por você!
Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa), mas a poesia (inexplicável) da vida."

Carlos Drummond de Andrade